terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nadal sem papas em SP: título ilógico, Rio 2016, antidoping e críticas à ATP

Rafael Nadal chegou a São Paulo sem papas na língua. Em sua primeira entrevista coletiva antes de estrear no Aberto do Brasil, o ex-número 1 do mundo falou por bastante tempo e sem meias palavras. Disse que um título no Ibirapuera é improvável e que seu objetivo a longo prazo é estar bem nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. O espanhol também pediu que os exames antidoping passem a ser públicos e criticou a nova regra da ATP, que pede mais rigidez no tempo que os tenistas levam entre os pontos.
Ainda tentando se recuperar de uma lesão no joelho e de um longo período de inatividade - foram sete meses longe das quadras até o retorno em Viña del Mar, na última semana -, o heptacampeão de Roland Garros também lembrou dos momentos complicados que viveu sem poder competir. Confira abaixo as partes mais importantes da entrevista.

Título 'ilógico' em São Paulo
Estou feliz por estar aqui no Brasil pela segunda vez na vida. Foi muito tempo sem vir aqui (sua única participação no torneio foi em 2005, quando conquistou o título). O processo de recuperação segue seu caminho. A semana passada foi positiva. Preciso tempo, semanas e dias de jogos e treinos, mas é normal. São muitos dias sem competir. Venho ao Brasil para fazer o melhor possível, entregar-me em cada momento e esperar que tudo ocorra bem. Estou preparado para pensar no dia a dia. Vou treinar estar tarde, ver como estão as condições aqui para jogar as duplas e depois vou me preparar para jogar as simples. Depois de muito tempo sem jogar, é muito complicado pensar em títulos. É ilógico.



Pela divulgação dos exames antidoping
O esporte, com a terrível noticia do que aconteceu com Lance Armstrong, foi danificado. No final, descobriu-se que o mito trapaceou. Quero estar certo, e todo mundo quer estar certo de que a pessoa que está do outro lado da quadra, ou correndo na pista de atletismo, ou pedalando no ciclismo, está nas mesmas condições do que você. Para que isso aconteça, os controles têm que ser, para mim, públicos. Se os testes são privados, temos um problema. Federer sai e diz que precisamos de mais testes, mas quando isto acontece, as pessoas não sabem por quantos testes estamos passando. Hoje, o que podemos fazer é trabalhar todos na mesma linha para limpar a imagem do esporte. O esporte tem que ser um exemplo para crianças, para a sociedade, de valores para a vida. Para mim, se tivermos que passar a um controle a cada semana, nenhum problema. Eu apoio. Mas principalmente apoio que os controles sejam públicos. Que todos aqui saibam por quantos testes passamos ao ano tanto de sangue quanto de urina. O esporte tem que ser limpo, mas precisamos saber por quantos testes todos passam, para que saibamos tudo que é e que não é.
Rio 2016 e mudança no estilo de jogo
Infelizmente, não sou tão bom a ponto de reprogramar meu estilo de jogo. Sou o que sou com um estilo de jogo. Posso fazer adaptações pequenas, mas mudar drasticamente um estilo de jogo é impossível. Melhorar para ter melhor serviço, melhor direita, para jogar agressivo... Tudo isso se pode tentar e tentei em toda a minha carreira. Fiz isso em toda minha carreira, por isso tive bons resultados tanto na grama quanto na quadra dura. Se fisicamente for possível, se houver tempo para melhorar, tenho vontade de seguir melhorando. Espero melhorar meu estilo de jogo para prolongar minha carreira. Tenho confiança de que vou voltar igual a antes fisicamente e seguir competindo a 100% por muitos anos. A longo prazo, quero chegar às Olimpíadas de 2016. Não poder jogar em 2012 me deixou uma necessidade de querer superar isso, e Rio 2016 é um objetivo a prazo muito longo, mas muito real. Estou trabalhando todo dia para, primeiro, chegar e competir e, segundo, para estar em condições boas para aproveitar as que podem ser minhas ultimas Olimpíadas.
Momentos ruins e dúvidas sobre o retorno
Minha lesão não é como quando se rompe o ligamento cruzado, você para oito meses e tem um programa diário de recuperação. Comigo, é um trabalho diário de ver como as coisas vão evoluindo pouco a pouco. O momento mais duro foi não poder jogar as Olimpíadas. Depois, os momentos ruins são quando vêm as dúvidas, quando vão passando as semanas e você vê que as coisas demoram, acontece muito pouco a pouco e você não sabe quando realmente vai voltar a jogar.
Críticas quanto à mudança de regra da ATP
As regras têm que ser para melhorar o esporte e não para piorá-lo. Quando se fazem regras rígidas, é importante saber o motivo real e o porquê dessas mudanças. As pessoas gostam de ver pontos disputados, grandes ralis, e para disputar estes pontos e partidas longas, de 4h, com boas condições, 25 segundos não são suficientes. Se a ATP quer encontrar um esporte que seja só de velocidade, não de pensar, não de estratégia, não de tática, a regra é boa. Se a ATP quer partidas bonitas, com pontos espetaculares, a regra não é boa. Eu sou só eu, um jogador que tem sua opinião. Os jogadores no vestiário não estão muito contentes com a nova regra. Que o árbitro possa interpretar quando pode passar de 25 segundos e quando não. Que não seja algo matemático porque causa prejuízo ao espetáculo.


Comparação com a lesão de Gustavo Kuerten
Todas as preocupações e duvidas são lógicas, mas na verdade Guga infelizmente teve que parar por um problema muito grave no quadril. Meu problema é diferente. Não tenho um problema tão grave. Meu joelho está muito bem, segundo os médicos, mas me limita um pouco fisicamente. A verdade é que não é uma situação similar. Tenho confiança que vou melhorar. Não estou preocupado que isso vá ser um problema para o futuro. Só me preocupa o tempo que vou levar para estar bem. No tênis, a carreira tem tempo limitado e minha vontade é estar sem problemas físicos. Quero competir e trabalhar em tudo que quero dentro do espaço de tempo possível. Estou melhor do que há quatro meses, mas preciso de tempo.
Cabeça de chave número 1 do Aberto do Brasil, Rafael Nadal estreará na chave de duplas nesta terça-feira, por volta das 21h (de Brasília). Ele joga ao lado do argentino David Nalbandian e vai enfrentar os espanhóis Pablo Andujar e Guillermo García-López. Nas simples, o ex-número 1 do mundo só fará sua primeira aparição na quinta-feira, contra o vencedor do jogo entre o brasileiro João Souza, o Feijão, e o espanhol Rubén Ramírez-Hidalgo. O SporTV transmite o torneio ao vivo, direto do Ginásio do Ibirapuera.


Fonte: http://sportv.globo.com/site/eventos/aberto-de-tenis-do-brasil/noticia/2013/02/nadal-sem-papas-em-sp-titulo-ilogico-criticas-atp-rio-2016-e-antidoping.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário