sábado, 20 de abril de 2013

O susto e a recompensa de Nadal

O rei de Mônaco deixou o salão nobre do palácio, a quadra central do Monte Carlo Country Club, assustado. Mas também recompensado. O segundo set totalmente atípico valoriza ainda mais a vitória do espanhol, que sacou para fechar com 5/1 e, quebrado, viu Jo-Wilfried Tsonga iniciar uma reação surpreendente na manhã deste sábado. O francês venceu inacreditáveis quatro games consecutivos para empatar o set. Ganhou a torcida e encurralou Nadal.
Dificilmente outro tenista teria sido capaz de frear tal reação. Nas cordas, o espanhol balançou. Mas não caiu. O controle emocional, mais uma vez, foi o chave. Nadal tratou de confirmar o saque no 5/5. Tsonga fez o mesmo em seguida. No tiebreak, o detalhe fez a diferença a favor do espanhol, também, o rei do foco nos momentos decisivos. O placar marcava 3/3 quando Tsonga inventou, sem raciocinar, um swing-volley de esquerda na rede. Jogada estranha, com apenas uma das mãos. Incompreensível, dada a importância do momento. Nadal não perdoou.
Se aproveitou da brecha para chutar a porta e entrar de uma vez por todas para não mais sair. Ganhou os dois pontos seguintes com o saque e abriu 6/3. Mais três match points para matar. Matou. 6/3, 7/6 (3). Tivesse perdido aquele segundo set, veria um adversário a mil por hora no terceiro e decisivo. Não qualquer adversário. Alguém capaz de virar um jogo de cinco sets sobre Roger Federer na quadra central de Wimbledon, depois de perder os dois primeiros.
Foi a 48ª vitória do espanhol em 49 jogos no principado. A 46ª consecutiva. Não perde um jogo por lá desde 2003, ano da primeira participação. Tinha apenas 16 anos quando acabou eliminado por Guillermo Coria nas oitavas de final. Octacampeão, vai em busca de um feito inédito neste domingo. Jamais um tenista venceu nove vezes o mesmo torneio na era profissonal. O adversário na final sairá do confronto entre Novak Djokovic e o surpreendente italiano Fabio Fognini.
Alguns números ajudam a explicar a vitória do espanhol. Os 17 erros não forçados do francês justificam a primeira parcial tranquila. Como disse o comentarista do Sportv Nark Rodrigues, uma média de quase dois erros não forçados por game. É como se ele já saísse com 0/30 em todos. De fato, impossível ganhar de Nadal assim. Ainda mais em Monte Carlo. Nem parecia o número 8 do mundo do outro lado da rede. Até o 5/1 do segundo set, Tsonga era batido como se fosse um adversário inexpressivo de ranking modesto. Aproveitou um descuido mental do espanhol para entrar no jogo.
Antes, só havia incomodado nos primeiros games. Chegou a ter dois break points para abrir 3/1. No fim, a reação foi importante para Tsonga lembrar quem ele é, um tenista capaz de jogar de igual para igual com qualquer outro, até mesmo com Rafael Nadal, em Monte Carlo. E também para engrandecer, ainda mais, porque nunca é demais, o preparo psicológico de um gênio da raquete.

Fonte: http://www.redetenis.com.br/noticias/o-susto-e-a-recompensa-de-nadal/

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