O rei de Mônaco deixou o salão nobre do palácio, a quadra
central do Monte Carlo Country Club, assustado. Mas também recompensado.
O segundo set totalmente atípico valoriza ainda mais a vitória do
espanhol, que sacou para fechar com 5/1 e, quebrado, viu Jo-Wilfried
Tsonga iniciar uma reação surpreendente na manhã deste sábado. O francês
venceu inacreditáveis quatro games consecutivos para empatar o set.
Ganhou a torcida e encurralou Nadal.
Dificilmente outro tenista teria sido capaz de frear tal reação. Nas
cordas, o espanhol balançou. Mas não caiu. O controle emocional, mais
uma vez, foi o chave. Nadal tratou de confirmar o saque no 5/5. Tsonga
fez o mesmo em seguida. No tiebreak, o detalhe fez a diferença a favor
do espanhol, também, o rei do foco nos momentos decisivos. O placar
marcava 3/3 quando Tsonga inventou, sem raciocinar, um swing-volley de
esquerda na rede. Jogada estranha, com apenas uma das mãos.
Incompreensível, dada a importância do momento. Nadal não perdoou.
Se aproveitou da brecha para chutar a porta e entrar de uma vez por
todas para não mais sair. Ganhou os dois pontos seguintes com o saque e
abriu 6/3. Mais três match points para matar. Matou. 6/3, 7/6 (3).
Tivesse perdido aquele segundo set, veria um adversário a mil por hora
no terceiro e decisivo. Não qualquer adversário. Alguém capaz de virar
um jogo de cinco sets sobre Roger Federer na quadra central de
Wimbledon, depois de perder os dois primeiros.
Foi a 48ª vitória do espanhol em 49 jogos no principado. A 46ª
consecutiva. Não perde um jogo por lá desde 2003, ano da primeira
participação. Tinha apenas 16 anos quando acabou eliminado por Guillermo
Coria nas oitavas de final. Octacampeão, vai em busca de um feito
inédito neste domingo. Jamais um tenista venceu nove vezes o mesmo
torneio na era profissonal. O adversário na final sairá do confronto
entre Novak Djokovic e o surpreendente italiano Fabio Fognini.
Alguns números ajudam a explicar a vitória do espanhol. Os 17 erros
não forçados do francês justificam a primeira parcial tranquila. Como
disse o comentarista do Sportv Nark Rodrigues, uma média de quase dois
erros não forçados por game. É como se ele já saísse com 0/30 em todos.
De fato, impossível ganhar de Nadal assim. Ainda mais em Monte Carlo.
Nem parecia o número 8 do mundo do outro lado da rede. Até o 5/1 do
segundo set, Tsonga era batido como se fosse um adversário inexpressivo
de ranking modesto. Aproveitou um descuido mental do espanhol para
entrar no jogo.
Antes, só havia incomodado nos primeiros games. Chegou a ter dois
break points para abrir 3/1. No fim, a reação foi importante para Tsonga
lembrar quem ele é, um tenista capaz de jogar de igual para igual com
qualquer outro, até mesmo com Rafael Nadal, em Monte Carlo. E também
para engrandecer, ainda mais, porque nunca é demais, o preparo
psicológico de um gênio da raquete.
Fonte: http://www.redetenis.com.br/noticias/o-susto-e-a-recompensa-de-nadal/
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