Quando estava na iminência de ultrapassar Rafael
Nadal no ranking e assumir a condição de tenista Nº 1 da Espanha, David Ferrer
deixou claro que não era um objetivo seu e que tinha plena consciência de que a
inversão de posições era irreal. Uma consequência dos quase oito meses em que
Rafa ficou afastado das quadras. Na final do ATP 500 de Acapulco, os dois se
encontraram para o primeiro duelo depois da “ultrapassagem” de Ferrer. E o que
se viu em quadra foi assustador. Esqueça o ranking. O verdadeiro Nº 1 da
Espanha chama-se Rafael Nadal. A decisão do título no Aberto do México, onde
Ferrer era tricampeão, foi um massacre: 6/0 e 6/2.
No fim da partida, Nadal abaixou a cabeça, cobriu o
rosto com uma toalha branca e chorou. A emoção é mais do que justificável.
Fazer o que ele fez com Ferrer naquela noite foi a prova que faltava para ter
plena confiança de que recuperou o seu tênis. De que terá plenas condições de
voltar a disputar os principais torneios em altíssimo nível. Dos três ATPs que
disputou desde o seu retorno às quadras, Rafa chegou em três finais e foi
campeão no Brasil e no México. Foi o 58º título da sua carreira, sendo o 38º no
saibro. Mais importante do que as taças e os pontos no ranking, claro, foi a
sua evolução física e técnica. O jogador precavido e lento de Viña del Mar não
existe mais. Delete da sua lembrança.
Contra Ferrer, Nadal foi um monstro. Não existe
outra palavra para definir. Jogou um tênis absurdamente veloz. Magicamente
preciso. Por pouco, não saiu de quadra sem perder um game. Nem no seu auge, ele
conseguiu uma vitória deste porte sobre um dos melhores jogadores do saibro no
mundo. Foi a 21ª partida entre os dois. Antes da final em Acapulco, o placar
mais elástico entre os dois foi na decisão do ATP 500 de Barcelona, no ano
passado, quando Nadal só havia perdido seis games (6/2 e 6/4). O “pneu”
aplicado no 1º set foi o terceiro de Rafa sobre David. Na semifinal do Masters
1.000 de Roma, ele aplicou um 6/0 no 2º set depois de ter definido o primeiro
apenas no tiebreak. Em Roland Garros 2005, o “pneu” veio no terceiro set: (7/5,
6/2 e 6/0).
Agora é em
quadra rápida
Encerrado a temporada latino-americana no saibro,
Rafael Nadal vai para outro recomeço na sua carreira. Durante toda a semana
havia um mistério sobre a sua participação no Masters 1.000 de Indian Wells,
nos Estados Unidos. O jornal Marca, da Espanha, chegou a divulgar que Rafa
teria desistido de atuar em quadra rápida, e só voltaria a jogar na temporada
europeia do saibro, focando Roland Garros. Porém, o desempenho na reta final do
ATP de Acapulco, com belíssimas atuações diante de Nicolas Almagro e David
Ferrer – Nº 12 e Nº 4 do mundo – acabou trazendo a confiança necessária. Neste
domingo, veio a confirmação. Malas prontas. Adeus México. Próximo destino:
Indian Wells.
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