domingo, 23 de dezembro de 2012

Rafa Nadal: "Não me vejo jogando a Copa Davis contra a Catalunha"


Rafa Nadal: «No me veo jugando la Copa Davis contra Cataluña»
A cinco dias de seu regresso, não há preocupações em Rafa Nadal, determinado a pedir calma porque agora o que importa é seu joelho. Não se conhece a outro Nadal que não seja o do punho cerrado e o da mordida, o Nadal vencedor que soma onze grandes entre seus cinquenta títulos. Mas o balear, agora quatro do mundo pelas circunstâncias, insiste que não há milagres no tênis e que necessita tempo, escutar o que diz o seu corpo, tomar as coisas com calma. No espetacular campo de golfe de Vall d’Or, perto de Manacor, atende a ABC durante quase uma hora para falar desse processo sem olhar mais além de Abu Dabi, onde reaparece na sexta-feira contra o vencedor do duelo entre Janko Tipsarevic e Andy Murray. Para começar, a pergunta mais simples do mundo, mas fundamental neste caso porque é uma questão importante.

- Como você está?
- Me sinto melhor que há alguns meses, é óbvio. Meu joelho, contudo, não está ainda 100%, não está perfeito. Tenho que ver como melhora e como aceita a intensidade e a exigência de jogar tênis com tenistas de alto nível. Mas por agora eu vou para Abu Dabi, não olho mais além. Não penso a largo prazo, só me preocupa o joelho, ver como responde estes dias e já veremos. Quero estar seguro de que está totalmente preparado para começar outra vez a competir de verdade, sem dúvidas. Se me sinto bem em Abu Dabi, seguiremos, mas se não, levarei com calma.

- Como você encara esta semana depois de quase 180 dias sem jogar?
- Abu Dabi, para mim, é um teste, como um treinamento de nível. Meu objetivo não é esta semana, nem Doha ou Austrália. Meu objetivo é estar em forma, recuperar as sensações e me sentir preparado, que responda o joelho. A ideia é estar em condições a partir de Indian Wells.

- Está nervoso?
- Não. Não estou, essa é a verdade. Para mim, o único que importa é o joelho, o único. Posso jogar melhor, posso jogar pior , mas só me importa isso, o resto não me preocupa. Não dou muito valor a como vou jogar no próximo mês ou em um mês e meio. Ou até dois meses se necessário. Minha temporada, meu objetivo real, é começar em perfeitas condições em Indian Wells e Miami e chegar em Monte Carlo com boas sensações, encarar em um bom estado a temporada de saibro.

- O que transmite o seu joelho?
- Sei que vou jogar em Abu Dabi sem que o joelho esteja brilhante, mas me sinto melhor. Os médicos dizem que está muito bem e isso é uma grande notícia para mim, mas sigo sentindo algo. Calma. Eu vejo que está melhor, mas não noto que esteja perfeito. Não quero estar em uma quadra e sentir que não posso lutar e correr como quero, não quero sentir que não tenho a oportunidade de competir como eu gosto.

-Qual foi o pior momento?
- A incerteza. Se falamos de competição, obviamente perder os Jogos Olímpicos. Mas falando de generalidades, o pior é o dia a dia. Nunca se sabe quando você vai voltar, quando você vai sentir que melhora.

Ninguém representa melhor a Espanha que Rafa Nadal, cidadão orgulhoso que não concebe em viver em outro lugar que não seja Manacor. Quando fala da situação do país, fala com sentimento e apela ao esforço e solidariedade para superar o momento atual.

- Se sente como um exemplo para os jovens espanhóis?
- Se sou um exemplo positivo, que sigam. O único que sinto é que a mim o povo sempre me apoiou sempre, em momentos bons e ruins. Não há nada mais bonito que sentir o carinho do povo que está perto de mim. Neste caso, falo de Mallorca, Baleares e Espanha.

- Como vende a marca Espanha pelo resto do mundo?
- Digo que me sinto muito sortudo de ter nascido aqui. Me sinto feliz de ser de onde sou. Aqui se vive muito bem. Não temos mudanças radicais de temperatura e, salvo exceções como a de Lorca ou outra, não há grandes desastres naturais. Você vê a pobreza que tem no mundo e as coisas ruins que acontecem em alguns países e não podemos virar a cara. Espanha está muito por cima da media geral e temos que estar felizes e agradecidos.

- Você seguiu as coisas da atualidade?
- Sim.

- O que você acha da situação da Catalunha?
- São coisas que estão ai. Não podemos pensar que o povo não pode se expressar como quer. Sempre com o máximo de respeito para todos os que expõem suas ideias dentro do que é correto, do respeito e do civilismo. Eu, pessoalmente, estou feliz de ser de Mallorca e não posso imaginar uma Espanha sem Catalunha. O que pode acontecer? Bem, eu não gostaria, mas não resta escolha a não ser aceitar e respeitar. Não gostaria, seria estranho jogar a Copa Davis contra Marc López, por exemplo. Não me vejo jogando contra a Catalunha. Sempre conhecemos a Espanha assim e talvez ao povo de fora da Catalunha é mais difícil de entender esta situação, mas tem que entender que eles podem ter uma visão diferente do assunto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário