O Aberto do Brasil não é
exatamente o tipo de torneio em que Nadal está acostumado a competir: quarto em
importância no circuito, rende ao campeão apenas 250 pontos no ranking e R$
162.100 em premiação. Para piorar, as condições da quadra surpreenderam o
espanhol: "É mais rápida que a do Aberto dos Estados Unidos e da Austrália".
A combinação com a bola pequena e rápida agravou a situação. Mas, como saiu
mordendo o troféu, o ex-número 1 amenizou o tom das críticas em sua última
entrevista.
"Ao final de um torneio com título, a análise é sempre
positiva. Passei meses de sofrimento e sensações negativas contínuas, e quando
isso desaparece, tudo fica melhor", comemorou Nadal, que encerrou um
período de oito meses sem ganhar nenhum troféu. Ele ficou afastado do circuito
durante sete meses devido à lesão no joelho esquerdo.
A volta por cima veio com a vitória por 2 a 0 sobre o argentino
David Nalbandian, velho rival. Nadal contou com o apoio de mais de nove mil
espectadores no Ibirapuera, e agradeceu pelo carinho: "O estádio estava
fantástico, cheio de torcedores que estiveram do meu lado. A torcida aqui é
muito passional, e evidentemente isso me ajudou".
Mesmo durante a comemoração do título, Nadal não cessou sua
metralhadora de críticas contra a ATP. A bola da Wilson escolhida pelo torneio
é o principal alvo, mas o tenista isentou a organização de culpa: "A ATP
não poderia permitir que se jogue com essa bola, mas não tem estrutura
suficiente para analisar as condições".
A nova regra do saque, que exige ao tenista o reinício do ponto
em até 25 segundos, também foi atacada por Nadal: "Prejudica a qualidade
do jogo. Até os árbitros sabem disso. Mas a ATP teve essa ideia brilhante... Eu
posso me adaptar à regra, mas parece que ela não vai na direção que o público
quer". Antes mesmo de o torneio começar, ele já tinha criticado e entidade
por não se preocupar com a saúde dos tenistas ao priorizar torneios disputados
em quadras de cimento.
Em São Paulo, no entanto, a quadra em que Nadal jogou não ajudou
muito nesse sentido. Foi motivo de críticas por parte de todos os jogadores. O
próprio ex-número 1 chegou a afundar o pé em um buraco durante as quartas de
final. Segundo ele, o saibro coberto na altitude paulistana é "mais rápido
do que qualquer outra superfície do circuito".
Antes de vir ao Brasil, o espanhol disputou o torneio de Viña
del Mar, no Chile, onde foi vice-campeão. Mas Nadal argumentou que não há como
comparar seu desempenho nos dois torneios, pois as condições de jogo do Aberto
do Brasil são "anormais". Para ele, jogar em uma quadra descoberta a
nível do mar, como na competição chilena, é mais fácil pelo seu estilo de jogo.
Por isso, antes da final, Nadal estava pessimista. Ele tinha
acabado de perder um set na vitória sobre o número 111 do mundo na semifinal, e
chegou a dizer que não sabia se o seu joelho estaria preparado para a decisão:
"A recuperação está demorando mais do que eu gostaria. Vamos precisar
também de um pouquinho de sorte para que o joelho se recupere bem".
Apesar de tudo, Nadal provou que seu joelho não está tão ruim
assim ao conquistar um título mesmo em condições adversas como as que ele
relatou. "Espero que possa servir como um recomeço", ele disse. O
próximo desafio do espanhol será daqui a uma semana, no ATP 500 de Acapulco,
que promete ter um nível técnico maior que o de São Paulo. Antes, o campeão vai
desfrutar de um período de descanso com a família na ilha mexicana de Cozumel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário