A cinco dias de seu regresso, não há preocupações em Rafa
Nadal, determinado a pedir calma porque agora o que importa é seu joelho. Não
se conhece a outro Nadal que não seja o do punho cerrado e o da mordida, o Nadal
vencedor que soma onze grandes entre seus cinquenta títulos. Mas o balear,
agora quatro do mundo pelas circunstâncias, insiste que não há milagres no
tênis e que necessita tempo, escutar o que diz o seu corpo, tomar as coisas com
calma. No espetacular campo de golfe de Vall
d’Or, perto de Manacor, atende a ABC durante quase uma hora para falar
desse processo sem olhar mais além de Abu Dabi, onde reaparece na sexta-feira
contra o vencedor do duelo entre Janko Tipsarevic e Andy Murray. Para começar, a
pergunta mais simples do mundo, mas fundamental neste caso porque é uma questão
importante.
-
Como você está?
- Me sinto melhor que há alguns meses, é óbvio. Meu
joelho, contudo, não está ainda 100%, não está perfeito. Tenho que ver como
melhora e como aceita a intensidade e a exigência de jogar tênis com tenistas
de alto nível. Mas por agora eu vou para Abu Dabi, não olho mais além. Não penso
a largo prazo, só me preocupa o joelho, ver como responde estes dias e já
veremos. Quero estar seguro de que está totalmente preparado para começar outra
vez a competir de verdade, sem dúvidas. Se me sinto bem em Abu Dabi,
seguiremos, mas se não, levarei com calma.
-
Como você encara esta semana depois de quase 180 dias sem jogar?
- Abu Dabi, para mim, é um teste, como um treinamento de
nível. Meu objetivo não é esta semana, nem Doha ou Austrália. Meu objetivo é
estar em forma, recuperar as sensações e me sentir preparado, que responda o
joelho. A ideia é estar em condições a partir de Indian Wells.
-
Está nervoso?
- Não. Não estou, essa é a verdade. Para mim, o único que
importa é o joelho, o único. Posso jogar melhor, posso jogar pior , mas só me
importa isso, o resto não me preocupa. Não dou muito valor a como vou jogar no
próximo mês ou em um mês e meio. Ou até dois meses se necessário. Minha
temporada, meu objetivo real, é começar em perfeitas condições em Indian Wells
e Miami e chegar em Monte Carlo com boas sensações, encarar em um bom estado a
temporada de saibro.
- O
que transmite o seu joelho?
- Sei que vou jogar em Abu Dabi sem que o joelho esteja
brilhante, mas me sinto melhor. Os médicos dizem que está muito bem e isso é
uma grande notícia para mim, mas sigo sentindo algo. Calma. Eu vejo que está
melhor, mas não noto que esteja perfeito. Não quero estar em uma quadra e sentir
que não posso lutar e correr como quero, não quero sentir que não tenho a
oportunidade de competir como eu gosto.
-Qual
foi o pior momento?
- A incerteza. Se falamos de competição, obviamente
perder os Jogos Olímpicos. Mas falando de generalidades, o pior é o dia a dia.
Nunca se sabe quando você vai voltar, quando você vai sentir que melhora.
Ninguém
representa melhor a Espanha que Rafa Nadal, cidadão orgulhoso
que não concebe em viver em outro lugar que não seja Manacor. Quando fala da
situação do país, fala com sentimento e apela ao esforço e solidariedade para
superar o momento atual.
-
Se sente como um exemplo para os jovens espanhóis?
- Se sou um exemplo positivo, que sigam. O único que
sinto é que a mim o povo sempre me apoiou sempre, em momentos bons e ruins. Não
há nada mais bonito que sentir o carinho do povo que está perto de mim. Neste
caso, falo de Mallorca, Baleares e Espanha.
-
Como vende a marca Espanha pelo resto do mundo?
- Digo que me sinto muito sortudo de ter nascido aqui. Me
sinto feliz de ser de onde sou. Aqui se vive muito bem. Não temos mudanças
radicais de temperatura e, salvo exceções como a de Lorca ou outra, não há
grandes desastres naturais. Você vê a pobreza que tem no mundo e as coisas
ruins que acontecem em alguns países e não podemos virar a cara. Espanha está
muito por cima da media geral e temos que estar felizes e agradecidos.
-
Você seguiu as coisas da atualidade?
- Sim.
- O
que você acha da situação da Catalunha?
- São coisas que estão ai. Não podemos pensar que o povo
não pode se expressar como quer. Sempre com o máximo de respeito para todos os
que expõem suas ideias dentro do que é correto, do respeito e do civilismo. Eu,
pessoalmente, estou feliz de ser de Mallorca e não posso imaginar uma Espanha
sem Catalunha. O que pode acontecer? Bem, eu não gostaria, mas não resta escolha
a não ser aceitar e respeitar. Não gostaria, seria estranho jogar a Copa Davis
contra Marc López, por exemplo. Não me vejo jogando contra a Catalunha. Sempre
conhecemos a Espanha assim e talvez ao povo de fora da Catalunha é mais difícil
de entender esta situação, mas tem que entender que eles podem ter uma visão
diferente do assunto.
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